Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
Arcebispo de Maringá (PR)
De
forma corajosa e muito prudente a CNBB, OAB e mais de cem entidades se
uniram em defesa do projeto da reforma política democrática. A proposta é
baseada em quatro principais pontos: Proibição do financiamento de
campanha por empresas e adoção do Financiamento Democrático de Campanha;
eleições proporcionais em dois turnos; paridade de sexo na lista
pré-ordenada e fortalecimento dos mecanismos da democracia direta com a
participação da sociedade em decisões nacionais importantes. Em Maringá, com a OAB, nossa
arquidiocese pretende coletar, no mínimo, 50 mil assinaturas para esse
projeto. No Brasil precisamos de 1 milhão e 500 mil assinaturas. Já
conseguimos esse feito em outras iniciativas, como, por exemplo, na lei
da Ficha Limpa. Hoje, graças a Ficha Limpa, muitos políticos “ficha
suja” estão fora da disputa eleitoral. Creio fortemente que atitudes como essa
são um dever das igrejas, dos cristãos. Nós cristãos, temos que ser sal e
luz neste mundo. Nossa vida deve ser precedida pela oração e, cheios do
Espírito Santo, somos chamados a enfrentar estruturas mais complexas,
como o campo político. Por apoiar o projeto de reforma política
também estamos sendo muito criticados por determinados grupos. Não
seria surpreendente se as críticas partissem dos políticos corruptos ou
das empresas que financiam suas campanhas. Mas, surpreendentemente, estamos sendo
criticados por alguns grupos cristãos e que, em alguns momentos, de
forma raivosa têm nos agredido por defender esta reforma. Como Igreja, na espiritualidade do
Espírito Santo, assim como tem pregado nosso querido Papa Francisco,
creio que nosso Deus age para promover a unidade. Quando nos dividimos, é
o inimigo de Deus quem toma conta. No projeto de reforma política da CNBB e
OAB, houve a articulação com mais de 100 entidades. Cada uma tinha um
pensamento, uma proposta. Cada uma defendia uma coisa. E depois, com
muita paciência e oração, foi possível organizar um projeto que sabemos:
não é o ideal, mas é o possível para o momento. Esse projeto foi amplamente discutido
com os bispos do Brasil inteiro. Foi apresentado em nossa assembleia
geral, sob a liderança de Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo
Horizonte. Sabemos que se o projeto fosse
exclusivamente “católico” não teríamos nele alguns pontos, ou a redação
talvez seria diferente. Mas o tempo da radicalidade política já passou.
Já tivemos experiências mundiais em que o pensamento único levou o povo à
morte. Precisamos ser maduros o suficiente para
entender que o Brasil precisa de uma ampla e profunda mudança. E isso
só será possível se, juntos, conseguirmos uma real mudança no sistema
político. Não é um projeto socialista, comunista, como alguns críticos
têm apregoado. A Igreja sempre defendeu e sempre defenderá a vida, a
vida humana. Graças a Deus a CNBB tem conseguido o
engajamento de grupos políticos tanto da esquerda como da direita.
Muitos, que estão cansados do atual modelo eleitoral, já começam a
aderir a nossa coalização democrática. Evidentemente que em qualquer
proposta de reforma política seremos sempre contra inciativas que
proponham o aborto e outras práticas contra a Família. Mas para avançar
precisamos dialogar sem nos fecharmos. Conto com as orações de todos e convido
os nossos fiéis para que, antes de assinarem o projeto (se assim se
sentirem chamados) leiam a proposta e compreendam que o nosso objetivo,
de forma muito bem contextualizada, é dar a nossa singela contribuição
para que a nossa sociedade seja mais justa, sempre democrática e a favor
da vida. Que Deus abençoe você e sua família. Boa semana!
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