Resposta do Prof. Luiz da Rosa no site http://www.abiblia.org/
No Antigo
Testamento existe uma proibição fundamental de fazer imagens (Êxodo 24,4
seguintes), com a qual se exclui todo tipo de culto aos deuses estrangeiros.
Apesar deste veto, a existência de imagens devocionais e cultuais em Israel é
atestada do próprio Antigo Testamento e também de achados arqueológicos. A
crítica profética pressupõe o abuso do uso de imagens (Juízes 6,25; 1Reis
11,5-8; 16,31-33; Jeremias 19,4s; Ezequiel 8,5ss; Oséias 11,2). No culto a
Yahweh, graças à influência do mundo cananeu, também foram usadas imagens
(Êxodo 32,1ss; Números 21,8s; Juízes 8,26s; 1Reis 12,28). É muito discutida a
temática de uma imagem encontrada entre algumas ruínas que contém uma frase
estranha: “Yahweh e a sua Asherah”. Há também o problema dos monumentos comemorativos
(massebot), que provavelmente haviam um significado cultual (Gênesis 28,12.22;
35,14; Josué 4,4-9), tanto que foram posteriormente criticados (1Reis 14,23;
2Reis 18,4; 23,14; Oséias 3,4; Miquéias 5,12). Dessas evidências
se deduz que o culto divino dos hebreus, sem imagem, não era real, mas era uma
exigência teológica e queria indicar a exclusividade de Yahweh.
No Novo Testamento
é interessante sublinhar que Jesus e os primeiros cristãos não se preocupam
dessa questão, em contraste com o judaísmo da época. Isso por que no centro de
sua fé não estão as imagens, mas Cristo e a sua mensagem. De conseqüência, no
Novo Testamento, não se encontra nenhum juízo, nem negativo, nem positivo,
sobre a questão das imagens. Por exemplo, na controvérsia sobre a moeda do
imposto (Mateus 22,15-22; Marcos 12,13-17; Lucas 20,20-26), Jesus não trata a
questão do aspecto que tanto irritava aos judeus, aquele da imagem do
imperador. Apesar disso, o Apocalipse (13,44s; 14,9.11; 15,2; 16,2; 19,20;
20,4) alerta e relembra o valor da doutrina do Antigo Testamento. No nosso site esse
tema tem gerado muita polêmica e, muitas vezes, tem-se pecado por falta de
caridade. Não quero que este texto aumente ulteriormente a distância da
caridade. Gostaria, invés, de suscitar a concórdia, virtude tipicamente cristã.
A polêmica, com certeza, é fruto de falta de diálogo, que acontece entre dois
interlocutores. Cada um diz suas razões sem escutar aquela dos outros. A
proibição de imagens existe na Bíblia. Essa determinação é causada pela necessidade
e convicção que se deve adorar unicamente a Yahweh; portanto a proibição é
ligada à prática da idolatria. A crítica dos evangélicos vem exatamente nesta
direção, exemplificada até mesmo no texto da pergunta a que estamos respondendo
(“pessoas que adoram imagens”). Os católicos, cujo culto é também caracterizado
pela presença das imagens, sublinham que as imagens não são adoradas, mas
veneradas e que a adoração é unicamente devida a Deus. Teologicamente falando
não existe nenhuma dúvida quanto a isso. Creio que esse aspecto devia ser o
ponto de encontro para o diálogo entre os dois grupos. E aqui encontro um pouco
de culpa da parte das igrejas evangélicas, que ignoram a doutrina oficial da
igreja católica. Por outro lado, as manifestações de culto, sem discernimento
por parte dos católicos, em relação aos santos pode facilmente degenerar e
afastar-se da teologia. E aqui existe culpa do mundo católico. Se não houver
compreensão e escuta, continuaremos sempre a brigar, perdendo uma oportunidade
para o enriquecimento mútuo.
DISPONÍVEL EM: http://www.abiblia.org/
LUIZ ROSA (Autor): Natural de Santa Catarina, casado, vive atualmente em Roma, na Itália, onde
trabalha no setor da Information Technology. Bacharelado em Filosofia (1990 -
Instituto Filosófico Franciscano) e teologia em Jerusalém (1994 - Instituto
teologico Ierosolumitano). Mestrado em Ciências Bíblicas no Pontífico Instituto
Bíblico de Roma (2000) e candidado ao doutorado pelo mesmo instituto (2002).
Professor no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (1995 e 2001). De
2009 a 2011 foi professor de Information Technology na Pontifícia Universidade
Antonianum.
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