domingo, 22 de novembro de 2015

ESPIRITUALIDADE: A ESCOLA DOS DISCÍPULOS E MISSIONÁRIOS DE CRISTO

Werbert Cirilo Gonçalves
Mestre em Ciências da Religião

Quantas Escolas você freqüentou? Esta pergunta fundamental para o shalonita não está relacionada apenas ao número de Escolas de Dirigentes que participou, tampouco se refere aos colégios, às faculdades ou às diversas escolas de formação profissional. Com esta pergunta, queremos tomar o significado alegórico que o termo Escola pode alcançar quando analisamos os diversos ambientes da nossa história que nos propiciaram algum aprendizado.

A escola é o lugar da formação do homem e da mulher. E o que entendemos por formação? A formação não poderá ser entendida como uma ‘Fôrma’ já pronta na qual somos moldados, isso iria ‘de encontro’ à nossa liberdade. Tampouco, pode-se entender a formação como um processo no qual agimos sem rumo certo. A formação é o processo de educação ao qual o homem se submete em vista de sua realização enquanto ser humano. Para os cristãos, a educação é o conjunto de instruções e desenvolvimento corporal, mental e espiritual que os aproximam do Mestre Jesus, modelo de humanidade.  

A formação humana é uma difícil tarefa à qual o ser humano deve se propor. Esta tarefa está totalmente relacionada à busca pelo sentido último da sua existência. A busca que dá sentido à existência do ser compõe-se de etapas que se realizam, não menos do que as grandes obras, com dificuldades, erros, esforços e conquistas. É necessário ressaltar que essa empreitada formativa está também associada à felicidade humana e não egoísta, ou seja, uma formação que busca também a promoção dos outros seres humanos que juntos constituem uma comunidade de aprendizes.

Sabemos que toda formação se dá numa Escola. Desta forma, se por um instante contemplarmos a nossa história, as diversas situações da existência humana, nos revelará as diversas escolas que freqüentamos. E se observarmos mais atentamente, eis que nos depararemos com os grandes mestres da nossa vida: pais, avós, professores, amigos, escritores, religiosos, sábios, místicos, etc.

Mas, cuidado! Nem todos são autênticos Mestres. Reconhecemos o verdadeiro Mestre quando, na longa Jornada, enxergamos seus pés marcando o chão ao lado dos nossos. Desta forma, o passo do Discípulo se confunde com os passos do Mestre. Mesmo na sua ausência, o bom Discípulo, reconhece suas pegadas que continuam ao seu lado na estrada. Pois, Mestre e Discípulos estão em comunhão. Vivem juntos a mesma busca, são amigos, irmãos, íntimos e, por isso, cuidam-se um do outro e juntos crescem.

Olhando atentamente para o Evangelho, notaremos que Jesus é o Mestre por excelência. Desta forma, ser Cristão, Discípulo e Missionário é ousar freqüentar a Escola do Homem de Nazaré. Suas ações são lições que educam o mundo e seu amor é fonte inesgotável de encanto e entusiasmo com o projeto de educação e Vida (Salvação).


Vocacionados à felicidade, somos missionários que trilham o caminho que dá sentido à vida e que resulta na realização humana. Jesus nos envia dois-a-dois para que o testemunho seja verdadeiro como dizia a Lei, e para que juntos possamos caminhar sem desanimar. Levamos apenas a túnica que está no nosso corpo e sandálias, símbolo do peregrino missionário. Estamos assim, despidos de tudo o que pode impedir de entregar-nos totalmente ao projeto do Reino. Todavia, não queremos com a nossa missão aumentar o número de convertidos. No entanto, o Mestre nos ensinou... E o que desejamos é partilhar com os irmãos a beleza da caminhada e apontar o horizonte de esperança que se desvela à nossa frente.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Testemunhar, acolher e entregar-se. - Dom Murilo S.R. Krieger, scj

Na preparação da festa dos 300 anos do encontro da imagem de Aparecida, somos convidados a cultivar três verbos: testemunhar, acolher e entregar-se.

Testemunhar. Há os que se dirigem a Aparecida em busca de milagres; não poucos os recebem. A maioria, contudo, volta para casa testemunhando um outro milagre: o da transformação do próprio coração. Em seu coração passa a brilhar uma pequena chama de esperança, de compaixão e de ternura. Tendo tomado consciência da necessidade de viverem como filhos e filhas da luz, esses romeiros passam a ser testemunhas da luz que é Jesus Cristo.

Acolher. Diariamente, milhões de brasileiros, com simplicidade e fervor, voltam seu olhar para a Mãe de Jesus, a Senhora Aparecida. Ela está presente num cenáculo que tem o tamanho do Brasil. Muitas das intenções que seus filhos e filhas colocam em seu coração materno têm a marca do sofrimento. Pensemos na violência, no medo, na incerteza quanto ao dia de amanhã; pensemos nos injustiçados, nos que vivem problemas familiares e  nos que sofrem em consequência do desemprego, de doença, de enfermidade, de solidão, dos desafios, por serem migrantes; pensemos nos que sofrem por causa do nome de Cristo... Tudo isso é apresentado a Maria, como a lhe lembrar: Mãe, nós não temos vinho! Falta-nos, muitas vezes, a alegria; nossa festa está ameaçada. Além de nos ouvir e de apresentar nossas intenções a seu Filho, a Mãe Aparecida nos ensina que nossa oração tem seu ponto alto quando nela acolhemos os que sofrem. Olhando para o mundo e, particularmente, para o nosso país, com a Senhora Aparecida e como ela, tendo constatado a própria impotência, devemos dizer a Jesus: "Eles não têm mais vinho!"

Entregar-se. Neste Santuário, transparece a misericórdia divina. Nossa Senhora Aparecida nos lembra o quanto somos amados por Deus. Ela nos recorda que o Senhor jamais nos abandona; que nenhum de nós é por Ele esquecido. Ao contrário: Deus pousa o seu olhar de amor sobre nós e nos chama à vida, à vida envolvida pela alegria e pela paz. Entregar-se a Deus é encontrar o caminho da verdadeira liberdade; voltar-se para Ele é dar um sentido para a nossa própria  vida. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Sal da terra luz do mundo - Dom Geraldo Majella Agnelo

A proclamação das Bem-aventuranças são um manifesto e um manual de vida cristã, quase uma catequese para os adultos, para que possamos compreender melhor: quem é Deus para nós, quem somos nós para Deus, quem somos uns para os outros. Quem é Deus para nós: deixemos de lado as respostas difíceis dos filósofos. Fiquemos com o que disse Jesus: Deus é Pai, nos ama, reserva-nos um destino de eternidade. Quem somos nós para Deus: filhos. Portanto levados a amar o nosso Pai. Quem somos nós uns para os outros: Se somos filhos do mesmo Pai, somos irmãos. Se todos aceitássemos estas verdades simples, o mundo mudaria. Ao invés, alguns as aceitam somente em teoria, mas não na prática. Pode acontecer também a nós! Outros contestam totalmente o ensinamento de Jesus, refutam-no. Outros ainda não conhecem o Senhor e não procuram conhecê-lo. E então Jesus, no Discurso da Montanha, nos diz quem somos e o que devemos fazer para viver como filhos de Deus e como irmãos. As bem-aventuranças elencam: bem-aventurados os pobres em espírito, os aflitos, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os operadores de misericórdia, os puros de coração, os que trabalham para a paz e a justiça. Ora, Jesus diz a todos esses: Vós sereis o sal da terra, a luz do mundo. Portanto Jesus deposita a máxima importância e consideração em cada pessoa. O sal é muito importante. Condimento humilde, econômico, pouco perceptível, mas preciosíssimo, desagradável se é comido sozinho, deve ser usado em pequenas doses, indispensável para dar sabor aos alimentos, para fazê-los  saborosos. Assim o discípulo do Senhor deve ser sobre a terra como o sal: dar sabor ao grande caldeirão do mundo, de que o coração humano tem tanta fome. Jesus acrescenta a hipótese que o cristão se faça de desentendido: compara-o ao sal que se torna insípido. É alguma coisa de absurdo. Um sal que improvisadamente  não salga mais, não vale nada mais, senão para ser jogado fora, e ser pisoteado pela gente. O cristão que deveria ser sal da terra, e não dá sabor às coisas: não serve para nada, senão para ser jogado fora. Ainda mais hoje com a civilização do ‘usa e joga fora’. Assim é impensável um mundo sem autênticos discípulos do Senhor. Jesus disse também que o discípulo é luz do mundo. A luz é bela, positiva, útil. No escuro não se pode andar. Jesus considera os cristãos como luz do mundo, como os que tornam luminosa a existência: a própria e a de quem vive perto. Se o cristão se faz de desentendido, Jesus explica com o exemplo da lamparina. Não se acende para ser colocada debaixo da mesa, escondida. Um contra-senso. A vocação do cristão é iluminar o mundo, enquanto vence a escuridão entorno de si. É dever dos discípulos: “Resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e rendam glória ao vosso Pai”. Tratando-se de pessoas das bem-aventuranças, sabemos de quais obras se trata: as que ajudam o mundo a sair da obscuridade do ódio, da opressão, das guerras, da escravidão do pecado. De modo a encorajar também os outros no caminho para justiça e a paz. Jesus com as imagens do sal e da luz recorda aos cristãos que têm para com os outros o dever do testemunho. Como filho de Deus e como irmãos em Jesus. O testemunho é dado com o próprio estilo de vida, o modo de estar no meio dos outros: viver a amizade com sinceridade, construir uma bela família cristã, ter honestidade no trabalho e trabalhar com competência, com professionalidade, com responsabilidade. Com tudo isso e muito mais, com amor, como se fosse para si mesmo. Testemunha-se Cristo também na comunidade paroquial, em vários trabalhos para o bem comum, na liturgia, catequese, aprofundamento da fé e da esperança, obras de promoção humana. São pequenos grandes gestos de solidariedade cristã. Ser sal da terra. Ser luz do mundo. Render glória ao Pai que está nos céus. Brilhe a vossa luz!

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Vem Espírito, vem... (Dom Aloísio P. Vitral)

Vem Espírito, vem... Transforma a tensão dentro de nós em um santo relaxamento.Transforma a turbulência dentro de nós em uma calma sagrada. Transforma a ansiedade dentro de nós em uma confiança silenciosa. Transforma o medo dentro de nós em uma vigorosa fé. Transforma a amargura dentro de nós na doçura da graça. Transforma a escuridão dentro de nós em uma suave luz. Transforma a frieza dentro de nós no calor do amor. Transforma a noite dentro de nós na claridade do Teu dia. Transforma o inverno dentro de nós na Tua primavera. Endireita o que em nós está torto. Enche o nosso vazio. Arranca o nosso orgulho, e faça crescer a nossa humildade. Acende o fogo do nosso amor. Ajuda que nos vejamos como Tu nos vês. Para confirmar os dons que recebemos de Ti e poder afastar os obstáculos que impedem a Tua ação.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

PAPA FRANCISCO

Como sabeis, há vários motivos que, ao escolher o meu nome, me levaram a pensar em Francisco de Assis. Um dos primeiros é o amor que Francisco tinha pelos pobres.Mas há ainda outra pobreza: é a pobreza espiritual dos nossos dias, que afeta gravemente também os países considerados mais ricos. É aquilo que o meu Predecessor, o amado e venerado Bento XVI, chama a «ditadura do relativismo», que deixa cada um como medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens. E assim chego à segunda razão do meu nome. Francisco de Assis diz-nos: trabalhai por edificar a paz. Mas, sem a verdade, não há verdadeira paz. Não pode haver verdadeira paz, se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e só os direitos próprios, sem se importar ao mesmo tempo do bem dos outros, do bem de todos, a começar da natureza comum a todos os seres humanos nesta terra.